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segunda-feira, dezembro 19, 2011

L´amer Avenir (O Futuro Amargo)


Já dizia o grande poeta Fernando Pessoa: 


"...As artes que não são a literatura são as projeções de um silêncio expressivo. Há que procurar em toda a arte que não é literatura a frase silenciosa que ela contém, ou o poema, ou o romance, ou o drama..."


É com orgulho que trago até vocês, o lindo poema: L´amer Avenir (O Futuro Amargo) escrito por Bruno Neves (aluno do curso de Pedagogia no IDJ-Jaguaribe, e professor de musica na Fundação Tubo Arte).

               L´amer Avenir (O Futuro Amargo)

Abro meus olhos e já não vejo nem sequer minha própria sombra, meus passos na trilha sombria do meu passado já não existe mais, uma névoa avermelhada do sangue inocente dos pagãos que tiveram que sucumbir-se mediante seus erros de maneira fria e brutal nas mãos de seus algozes, e essa mesma névoa tem um cheiro forte, fétido de tudo que outrora era vivo e agora se decompõe em meio a crianças em prantos... Não! Já não tenho sequer qualquer lembrança que seja do que eu fui, do que eu sou agora, do que eu venha a ser daqui pra frente.
Meus pulmões ardem ao receber esse ar já não tão puro, minha pele queima sob um sol negro e ainda mais perverso e devastador do que o mesmo sol que em tempos remotos, era o responsável pela vida. Tenho sede e a única fonte de líquido que existe é apenas meu suor, sujo, asco, repugnante... Ah, por que tudo está se esvaindo nas mãos do tempo e da maleficência de um destino sádico? Perguntas, perguntas e mais perguntas e nada de respostas, e eu de nada sei.
Tudo que tenho agora não são nem conclusões, sonhos, desejos, vontades... amor. Sim, só o que me resta é a certeza única e precisa de que está tudo prestes a se perder, como o último grão de areia de uma ampulheta que quebrara o vidro, e essa certeza eminente é a morte, pois bem acordei de um sono profundo e já estou indo para outro, o eterno, onde nada é certo e tudo vazio.
Será esse o futuro, o futuro meu, seu, nosso? Quem sabe. Mas antes que chegue meu último segundo, direi com toda convicção, não me arrependo de nada que por mim foi feito, pensado ou dito.

Bruno Neves

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