Seguidores

quinta-feira, dezembro 01, 2011

A Grande Jogada de Mandela


Texto escrito por Luiz Zini Pires, titular da coluna e do blog Bola Dividida
Filme Invict
Na foto, vocês veem Morgan Freeman como Nelson Mandela Matt Damon como o capitão da seleção sul-africana de rúgby François Pienaar do filme Invictus, de Clint Eastwood, abaixo o texto, sobre o livro que deu origem ao filme. Bom proveito:
A Grande Jogada de Mandela
John Carlin, 56 anos, é autor de Conquistando o Inimigo: Nelson Mandela e o Jogo que Uniu a África do Sul (Sextante, 272 páginas, R$ 29,90), mãe do filmeInvictus. Mãe não. Madrasta.
Tivesse a mesma garra do livro de John Carlin, o filme do quase sempre perfeito Clint Eastwood seria candidato ao Oscar. Não que o filme seja ruim. Não é. Decepciona pela falta de esforço do diretor, pela sua mão politicamente correta. Mas no fim o filme sempre ajuda o livro - o contrário nunca acontece. Talvez ajude você.
Os mais apressados podem começar a sua viagem pela África do Sul, país da próxima Copa, em 132 exatos dias, por Invictus. Eu começaria pelo livro. Conheço o autor, John Carlin, um inglês de pai escocês diplomata) e mãe espanhola, que já morou em Buenos Aires, gosta de Porto Alegre e vive em Barcelona, onde escreve no jornal El País. Carlin é um grande papo. Formado em Oxford, passou 25 anos trabalhando em mais de 40 países. Cobriu todo tipo de conflito. Falei com ele semanas atrás. Ele estava ansioso com a estreia do filme.
Carlin viveu na África do Sul como chefe dos correspondentes locais do melhor jornal britânico, o The Independent, nos anos 1990. Esteve várias vezes com Nelson Mandela em diferentes situações. Na prisão e no chá das cinco do então novo presidente.
Mandela é uma pessoa que combina generosidade com astúcia. Nobreza com pragmatismo. Mandela tem um tremendo encanto pessoal. Ele é um gênio da política. Como Mozart com a música, como Einstein na ciência, Pelé com o futebol - ele me disse, por telefone, da Espanha.
Carlin contou (e o livro mostra) que Mandela, primeiro, liberou o seu povo de uma terrível tirania.Logo, cimentou as bases para uma democracia real e estável. A África do Sul tem seus problemas, como outros países, mas ninguém duvida que é uma democracia absolutamente autêntica. Mandela também evitou uma guerra. Claro, é terreno hipotético, mas quando Mandela saiu da prisão, existiam todos os elementos para que eclodisse uma terrível guerra civil entre brancos e negros. É, assim, um libertador.
Hoje, a África do Sul poderia ser outro Afeganistão. Não é, e é isto que Mandela deixou. A África do Sul é um país democrático, estável economicamente, bastante forte e capaz de celebrar uma Copa do Mundo com novos estádios, com o maior orgulho, sem terrorismo, mas ainda com sérios problemas de criminalidade - como o Brasil - e um crônico buraco no seu sistema de transportes (o que seguramente atrapalhará o óbvio
vaivém dos torcedores).
O livro dá mais sobre a África do Sul, o filme dá menos. Os dois podem se ajudar. Ganha a nossa cultura.

Nenhum comentário: